Re-si-li-ên-ci-a
(inglês resilience, do latim resilio, -ire, saltar para trás, voltar para trás, reduzir-se, afastar-se, ressaltar, brotar)
"A resiliência é a capacidade do indivíduo lidar com problemas,
adaptar-se a mudanças, superar obstáculos ou resistir à pressão de
situações adversas - choque, estresse, algum tipo de evento traumático,
entre outros. Sem entrar em surto psicológico, emocional ou físico, por
encontrar soluções estratégicas para enfrentar e superar as
adversidades."
Ver também...
In-sa-ni-da-de
(latim insanitas, -atis, loucura)
"A loucura ou insanidade é segundo a psicologia uma condição da mente humana caracterizada por pensamentos considerados anormais pela sociedade ou a realização de coisas sem sentido. É resultado de algum transtorno mental."
Só alguém com muita resiliência e um pouco de insanidade pensaria sequer em candidatar-se a este desafio das Volta do Impossível. O que é certo é que mal vi anunciado o teor da aventura, marquei logo na agenda e prometi a mim mesmo fazer tudo para estar presente.
Em meados de Março enviei a minha candidatura e aguardei ansiosamente pela resposta que viria cerca de um mês depois na forma de uma Carta de Condolências. Nessa altura recebemos também a informação que devido à pandemia Covid-19 as Voltas não se realizariam em Maio, mas sim no dia 3 de Outubro.
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Carta de Condolências.
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Mais tempo para treinar, pensam vocês. Errado! Devido à situação que se viveu, parei completamente os treinos a 14 de Março. Voltaria a retomar a atividade a 4 de maio, mês em que fiz uns "impressionantes" 50km de corrida.
Ainda faltavam 4 meses pensava eu, tenho tempo de ir aumentando a carga... E assim foi... Mas muito lentamente...
Junho
Corrida - 79km / 8h
Julho
Corrida - 90km / 9h
Ciclismo - 93km / 4h
Só a partir do meio de Agosto consegui começar a encaixar treinos sucessivos, minimamente estruturados e que me permitiram ganhar forma.
Agosto
Corrida - 231km / 25h
Ciclismo -164km / 7h
Em Setembro mantive a carga, praticamente deixei de treinar em estrada e 90% dos treinos foram feitos na Serra de S. Mamede.
Setembro
Corrida - 207km / 23h
Ciclismo - 169kn / 7h
Fiz alguns testes para treinar a navegação por GPS e por 2 ou 3 vezes fiz treinos de 21km com 1000m d+ em menos de 3h que era a distância, o acumulado e o tempo limite previsto para cada volta das Voltas do Impossível.
Neste caso foi criado um enredo em torno das Minas de Rio de Frades e das aventuras dos "Pilhas" que na altura da 2ª Guerra Mundial arriscavam a vida para contrabandear o valioso Ouro Negro, o Volfrâmio.
O desafio aqui neste caso consiste em 5 voltas a um percurso pré-definido de sensivelmente 22km com 1500m D+ (valores finais e reais), com um tempo limite de 15h no total, guiados por GPS. Para ter acesso à 4ª volta, há que terminar a 3ª em menos de 9h e para ter acesso à 5ª há que terminar a 4ª em menos de 12h.
Para aumentar o grau de dificuldade temos que recolher pelo caminho guias de transporte que estão guardadas em pequenas caixas de madeira, neste caso eram 13 caixas. Outro pormenor e talvez o que causa mais dificuldade no pré-prova é que não sabemos a hora da partida! Esta pode acontecer entre a meia-noite e o meio-dia do dia da prova e só 1h antes é que somos avisados pelo toque de um sino. Ou seja, não há marcações nem há abastecimentos! Depois do acender da lanterna (mote para o início da aventura) somos nós e a natureza, com a esperança de regressar ilesos ao ponto de partida, único local onde poderemos ter apoio externo e dar início à segunda volta, desta vez no sentido contrário da primeira.
Assim, com a preparação possível, física, psicológica e logística, rumámos à aldeia de Rio de Frades, pertencente ao concelho de Arouca, bem encaixada num vale no coração da Serra da Freita. Contava com o apoio do Filipe, meu cunhado e companheiro do ACPortalegre. No pré prova já tinha tido a colaboração dos meus pais, irmã e esposa, que me ajudaram a preparar a logística de tudo o que ia precisar para as horas que antecediam a partida e para a prova em si, desde roupa, mantas, colchão, cadeiras, fogão, gás, comida, bebida e tudo o que pudesse eventualmente precisar nas mais de 24 que poderia durar o evento!
Chegamos a Rio de Frades cerca das 20h30, fomos diretos ao secretariado entregar a matrícula e a cerveja artesanal, de forma a receber o dorsal para a primeira volta e um mapa onde assinalei a localização das caixas que continham as guias de transporte que tínhamos que recolher durante o percurso.
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Entrega da matrícula e da cerveja artesanal em troca do dorsal da primeira volta. Foto: Flor Madureira.
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Mapa com a localização das caixas. Foto: Jorge Camisão.
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Fomos estacionar o carro junto à arena e fizemos uma caminhada curta (já pelo percurso da prova) novamente até ao secretariado para ouvir o briefing do Moutinho.
Começamos a ver algumas caras conhecidas... Estava cá o Miguel Baptista, o Jorge Serrazina, o Pedro Marques, o Paulo Correia... E outros malucos... Que por cá estarem não se podem ofender de eu lhes (nos) chamar malucos!
Frontal e direto, o Moutinho explicou aquilo que já todos sabíamos! O percurso era duro! Íamos sofrer... Durante aqueles kms éramos só nós e a Natureza...
Esclarecemos algumas dúvidas relativamente às guias que tínhamos que recolher e ao processo de terminar/iniciar nova volta!
Ficamos esclarecidos. Já podíamos ir descansar e aguardar pelo toque do sino...
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Briefing. Foto: Flor Madureira.
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Fomos para o carro, fizemos um segundo jantar cerca das 22h00 e estiquei-me cerca das 23h na bagageira do carro, com as tralhas todas ao lado... O banco do condutor cheio de sacos e roupa e sei lá mais o quê... No banco do pendura, o Filipe, qual sentinela à espera do toque do sino, para eu poder dormir descansado.
(Nota: Quando já tínhamos tudo pronto para nos deitarmos, pergunto ao Filipe "Viste o meu telemóvel? O que é para levar para a prova...", "Não sei... A última vez que o vi estavas com ele na mão." respondeu ele. Conclusão, reviramos o carro todo, desde o tejadilho até debaixo do carro, só faltou ver debaixo dos pneus... até que lá encontramos o telemóvel e já num stress dos diabos respirei fundo, fiz reset e fui-me deitar.)
Sabia que a partir das 23h o sino podia tocar a qualquer momento e a partida seria 1h depois... Mesmo assim dormi. Acordei cerca das 3h30 já com sede e fome e vontade de um xixi...
Saímos para esticar as pernas... Não se via nem ouvia vivalma. Fiquei um pouco aliviado, porque sabia que já tínhamos evitado metade da noite... Mesmo que o Moutinho tocasse o sino às 4h, a partida seria às 5h e já só fazíamos 2h de noite...
Fomos-nos arrecadar novamente... Depressa peguei novamente no sono. Até que... às 6h30 em ponto ouviu-se um sininho... Levantei logo a cabeça... "Já está!"
A contagem decrescente começava... Já poderia iniciar as rotinas pré-prova... Mas devo confessar que estava sem vontade nenhuma... Às 23h quando me deitei estava com a adrenalina nos píncaros, pronto para ser lançado às feras... Agora, às 6h30 da manhã, com uma noite mal dormida, só me apetecia ir para casa e deitar-me na minha cama quentinha...
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Carinha laroca pré-prova. Foto: Filipe.
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O indivíduo, o mapa, o albergue e a tralha... Foto: Filipe.
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Mas o que tem que ser tem muita força. Os atletas começam a sair dos carros... Come-se mais qualquer coisita, bebe-se uns cafés "estilo campista", equipamento pronto, fotos da praxe e eram 7h17 ouvimos o Moutinho "Têm 3 minutos para entrar para a arena"! C@ralho! Que nervos... Porra!
Continua...
(
inglaês resilience, do latim resilio, -ire, saltar para trás, voltar para trás, reduzir-se, afastar-se, ressaltar, brotar)
nome feminino
1.
[Física]
Propriedade de um corpo de recuperar a sua forma original após sofrer choque ou deformação.
2.
[Figurado]
Capacidade de superar, de recuperar de adversidades.
re·si·li·ên·ci·a (
inglês resilience, do latim resilio, -ire, saltar para trás, voltar para trás, reduzir-se, afastar-se, ressaltar, brotar)
nome feminino
1.
[Física]
Propriedade de um corpo de recuperar a sua forma original após sofrer choque ou deformação.
2.
[Figurado]
Capacidade de superar, de recuperar de adversidades.
re·si·li·ên·ci·a (
inglês resilience, do latim resilio, -ire, saltar para trás, voltar para trás, reduzir-se, afastar-se, ressaltar, brotar)
nome feminino
1.
[Física]
Propriedade de um corpo de recuperar a sua forma original após sofrer choque ou deformação.
2.
[Figurado]
Capacidade de superar, de recuperar de adversidades.
re·si·li·ên·ci·a (
inglês resilience, do latim resilio, -ire, saltar para trás, voltar para trás, reduzir-se, afastar-se, ressaltar, brotar)
nome feminino
1.
[Física]
Propriedade de um corpo de recuperar a sua forma original após sofrer choque ou deformação.
2.
[Figurado]
Capacidade de superar, de recuperar de adversidades.
Olha quem está de volta à escrita :):):) ... e logo na prova que mais me fascinou nestes últimos tempos e na qual não tive tomates de tentar a isnrição :)
ResponderEliminarVamos lá à parte 2 ...