segunda-feira, 5 de outubro de 2020

1ª edição das Voltas do Impossível 2020 - 1ª parte

 Re-si-li-ên-ci-a
 
(inglês resilience, do latim resilio, -ire, saltar para trás, voltar para trás, reduzir-se, afastar-se, ressaltar, brotar)
 
"A resiliência é a capacidade do indivíduo lidar com problemas, adaptar-se a mudanças, superar obstáculos ou resistir à pressão de situações adversas - choque, estresse, algum tipo de evento traumático, entre outros. Sem entrar em surto psicológico, emocional ou físico, por encontrar soluções estratégicas para enfrentar e superar as adversidades."


Ver também...

In-sa-ni-da-de
 
(latim insanitas, -atis, loucura)

"A loucura ou insanidade é segundo a psicologia uma condição da mente humana caracterizada por pensamentos considerados anormais pela sociedade ou a realização de coisas sem sentido. É resultado de algum transtorno mental."
 
 
Só alguém com muita resiliência e um pouco de insanidade pensaria sequer em candidatar-se a este desafio das Volta do Impossível. O que é certo é que mal vi anunciado o teor da aventura, marquei logo na agenda e prometi a mim mesmo fazer tudo para estar presente.

Em meados de Março enviei a minha candidatura e aguardei ansiosamente pela resposta que viria cerca de um mês depois na forma de uma Carta de Condolências. Nessa altura recebemos também a informação que devido à pandemia Covid-19 as Voltas não se realizariam em Maio, mas sim no dia 3 de Outubro.
 
Carta de Condolências.

 

Mais tempo para treinar, pensam vocês. Errado! Devido à situação que se viveu, parei completamente os treinos a 14 de Março. Voltaria a retomar a atividade a 4 de maio, mês em que fiz uns "impressionantes" 50km de corrida.

Ainda faltavam 4 meses pensava eu, tenho tempo de ir aumentando a carga... E assim foi... Mas muito lentamente...

Junho
Corrida - 79km / 8h

Julho
Corrida - 90km / 9h
Ciclismo - 93km / 4h

Só a partir do meio de Agosto consegui começar a encaixar treinos sucessivos, minimamente estruturados e que me permitiram ganhar forma.

Agosto
Corrida - 231km / 25h
Ciclismo -164km / 7h

Em Setembro mantive a carga, praticamente deixei de treinar em estrada e 90% dos treinos foram feitos na Serra de S. Mamede.

Setembro
Corrida - 207km / 23h
Ciclismo - 169kn / 7h

Fiz alguns testes para treinar a navegação por GPS e por 2 ou 3 vezes fiz treinos de 21km com 1000m d+ em menos de 3h que era a distância, o acumulado e o tempo limite previsto para cada volta das Voltas do Impossível.

Voltando à essência do desafio em si... As Voltas do Impossível idealizadas pelo José Moutinho, "Pai do Trail em Portugal" e mentor do Ultra Trail da Serra da Freita, são inspiradas na Barkley Marathons de Gary Cantrell aka Lazarus Lake.
 
Neste caso foi criado um enredo em torno das Minas de Rio de Frades e das aventuras dos "Pilhas" que na altura da 2ª Guerra Mundial arriscavam a vida para contrabandear o valioso Ouro Negro, o Volfrâmio.
 
O desafio aqui neste caso consiste em 5 voltas a um percurso pré-definido de sensivelmente 22km com 1500m D+ (valores finais e reais), com um tempo limite de 15h no total, guiados por GPS. Para ter acesso à 4ª volta, há que terminar a 3ª em menos de 9h e para ter acesso à 5ª há que terminar a 4ª em menos de 12h.
 
Para aumentar o grau de dificuldade temos que recolher pelo caminho guias de transporte que estão guardadas em pequenas caixas de madeira, neste caso eram 13 caixas. Outro pormenor e talvez o que causa mais dificuldade no pré-prova é que não sabemos a hora da partida! Esta pode acontecer entre a meia-noite e o meio-dia do dia da prova e só 1h antes é que somos avisados pelo toque de um sino. Ou seja, não há marcações nem há abastecimentos! Depois do acender da lanterna (mote para o início da aventura) somos nós e a natureza, com a esperança de regressar ilesos ao ponto de partida, único local onde poderemos ter apoio externo e dar início à segunda volta, desta vez no sentido contrário da primeira.

Assim, com a preparação possível, física, psicológica e logística, rumámos à aldeia de Rio de Frades, pertencente ao concelho de Arouca, bem encaixada num vale no coração da Serra da Freita. Contava com o apoio do Filipe, meu cunhado e companheiro do ACPortalegre. No pré prova já tinha tido a colaboração dos meus pais, irmã e esposa, que me ajudaram a preparar a logística de tudo o que ia precisar para as horas que antecediam a partida e para a prova em si, desde roupa, mantas, colchão, cadeiras, fogão, gás, comida, bebida e tudo o que pudesse eventualmente precisar nas mais de 24 que poderia durar o evento!
 
Chegamos a Rio de Frades cerca das 20h30, fomos diretos ao secretariado entregar a matrícula e a cerveja artesanal, de forma a receber o dorsal para a primeira volta e um mapa onde assinalei a localização das caixas  que continham as guias de transporte que tínhamos que recolher durante o percurso.

Entrega da matrícula e da cerveja artesanal em troca do dorsal da primeira volta. Foto: Flor Madureira.


Mapa com a localização das caixas. Foto: Jorge Camisão.


Fomos estacionar o carro junto à arena e fizemos uma caminhada curta (já pelo percurso da prova) novamente até ao secretariado para ouvir o briefing do Moutinho.
 
Começamos a ver algumas caras conhecidas... Estava cá o Miguel Baptista, o Jorge Serrazina, o Pedro Marques, o Paulo Correia... E outros malucos... Que por cá estarem não se podem ofender de eu lhes (nos) chamar malucos!

Frontal e direto, o Moutinho explicou aquilo que já todos sabíamos! O percurso era duro! Íamos sofrer... Durante aqueles kms éramos só nós e a Natureza...
Esclarecemos algumas dúvidas relativamente às guias que tínhamos que recolher e ao processo de terminar/iniciar nova volta!
Ficamos esclarecidos. Já podíamos ir descansar e aguardar pelo toque do sino...
 
Briefing. Foto: Flor Madureira.
 
 
Fomos para o carro, fizemos um segundo jantar cerca das 22h00 e estiquei-me cerca das 23h na bagageira do carro, com as tralhas todas ao lado... O banco do condutor cheio de sacos e roupa e sei lá mais o quê... No banco do pendura, o Filipe, qual sentinela à espera do toque do sino, para eu poder dormir descansado.
 
(Nota: Quando já tínhamos tudo pronto para nos deitarmos, pergunto ao Filipe "Viste o meu telemóvel? O que é para levar para a prova...", "Não sei... A última vez que o vi estavas com ele na mão." respondeu ele. Conclusão, reviramos o carro todo, desde o tejadilho até debaixo do carro, só faltou ver debaixo dos pneus... até que lá encontramos o telemóvel e já num stress dos diabos respirei fundo, fiz reset e fui-me deitar.)
 
Sabia que a partir das 23h o sino podia tocar a qualquer momento e a partida seria 1h depois... Mesmo assim dormi. Acordei cerca das 3h30 já com sede e fome e vontade de um xixi...
 
Saímos para esticar as pernas... Não se via nem ouvia vivalma. Fiquei um pouco aliviado, porque sabia que já tínhamos evitado metade da noite... Mesmo que o Moutinho tocasse o sino às 4h, a partida seria às 5h e já só fazíamos 2h de noite...
 
Fomos-nos arrecadar novamente... Depressa peguei novamente no sono. Até que... às 6h30 em ponto ouviu-se um sininho... Levantei logo a cabeça... "Já está!"
 
A contagem decrescente começava... Já poderia iniciar as rotinas pré-prova... Mas devo confessar que estava sem vontade nenhuma... Às 23h quando me deitei estava com a adrenalina nos píncaros, pronto para ser lançado às feras... Agora, às 6h30 da manhã, com uma noite mal dormida, só me apetecia ir para casa e deitar-me na minha cama quentinha...

Carinha laroca pré-prova. Foto: Filipe.

O indivíduo, o mapa, o albergue e a tralha... Foto: Filipe.


Mas o que tem que ser tem muita força. Os atletas começam a sair dos carros... Come-se mais qualquer coisita, bebe-se uns cafés "estilo campista", equipamento pronto, fotos da praxe e eram 7h17 ouvimos o Moutinho "Têm 3 minutos para entrar para a arena"! C@ralho! Que nervos... Porra!
 
Continua...
(inglaês resilience, do latim resilio, -ire, saltar para trás, voltar para trás, reduzir-se, afastar-se, ressaltar, brotar)
nome feminino

1. [Física]  Propriedade de um corpo de recuperar a sua forma original após sofrer choque ou deformação.

2. [Figurado]  Capacidade de superar, de recuperar de adversidades.


"resiliência", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2020, https://dicionario.priberam.org/resili%C3%AAncia [consultado em 05-10-2020].
re·si·li·ên·ci·a

"resiliência", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2020, https://dicionario.priberam.org/resili%C3%AAncia [consultado em 05-10-2020].
re·si·li·ên·ci·a
(inglês resilience, do latim resilio, -ire, saltar para trás, voltar para trás, reduzir-se, afastar-se, ressaltar, brotar)
nome feminino

1. [Física]  Propriedade de um corpo de recuperar a sua forma original após sofrer choque ou deformação.

2. [Figurado]  Capacidade de superar, de recuperar de adversidades.


"resiliência", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2020, https://dicionario.priberam.org/resili%C3%AAncia [consultado em 05-10-2020].
re·si·li·ên·ci·a
(inglês resilience, do latim resilio, -ire, saltar para trás, voltar para trás, reduzir-se, afastar-se, ressaltar, brotar)
nome feminino

1. [Física]  Propriedade de um corpo de recuperar a sua forma original após sofrer choque ou deformação.

2. [Figurado]  Capacidade de superar, de recuperar de adversidades.


"resiliência", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2020, https://dicionario.priberam.org/resili%C3%AAncia [consultado em 05-10-2020].
re·si·li·ên·ci·a
(inglês resilience, do latim resilio, -ire, saltar para trás, voltar para trás, reduzir-se, afastar-se, ressaltar, brotar)
nome feminino

1. [Física]  Propriedade de um corpo de recuperar a sua forma original após sofrer choque ou deformação.

2. [Figurado]  Capacidade de superar, de recuperar de adversidades.


"resiliência", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2020, https://dicionario.priberam.org/resili%C3%AAncia [consultado em 05-10-2020].

1 comentário:

  1. Olha quem está de volta à escrita :):):) ... e logo na prova que mais me fascinou nestes últimos tempos e na qual não tive tomates de tentar a isnrição :)
    Vamos lá à parte 2 ...

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