domingo, 11 de março de 2012

VI Média Maratón Mérida - Patrimonio de la Humanidad

Mérida, província de Badajoz, Estremadura, Espanha

04 de Março de 2012

Cartaz da prova.

Já no ano passado me tinha passado esta prova pelos olhos, mas na altura ainda não estava preparado para a distância da Meia Maratona. Ainda me estava a habituar aos treinos mais longos e só viria a estrear-me em Albuquerque umas semanas depois.

Este ano a data "estava livre"! Apesar de ser apenas uma semana após o Trail de Conímbriga (38km), decidi avançar e acreditar que o Sicó ainda me daria mais força para atacar a capital da Lusitânia.

Um dos objectivos que tinha para esta prova era melhorar o meu tempo da Meia Maratona que foi conseguido na Meia da Ponte Vasco da Gama em Setembro do ano passado com 1h 32m 48s. Baixar da 1h 32m era o principal objectivo, mas sabia que não seria fácil. Neste momento o corpo anda noutro ritmo, o dos trails... E o percurso em si, com muitos troços de paralelos, também não ajudava... Mas lá fomos, a ver no que isto dava...

Saímos de Portalegre com o amanhecer... Chegámos a Mérida ainda cerca de 1h antes do início da prova... Fomos levantar os dorsais e os chips, equipamos-nos e lá nos fomos dirigindo para a zona da partida que se situava junto à margem esquerda do Guadiana.

Na zona da partida a festa já tinha começado! Havia um speaker que ia animando os atletas com música e ia chamando pelos nomes das cidades mais conhecidas da região...

Lá nos conseguimos juntar todos e tirámos uma foto de família no meio do pelotão...

Equipa ACP. Fotógrafa: Vitorina Mourato.


Faltavam poucos minutos e cada um tomou a sua posição. Uns na linha da frente, outros um pouco mais atrás, mas todos com o mesmo objectivo: percorrer os 21,1km no menor tempo possível!

Eu fiquei a uns 20m do pórtico, nem muito à frente nem muito atrás, assim ali no meio da malta...

É dada a partida e começamos a caminhar até ao pórtico, coloco o relógio a contar e já dá para correr... A avenida é larga e o pessoal começa a dispersar...

Uns 300m à frente entramos na Puente de Lusitania, a primeira de três pontes que iríamos atravessar. Fui ultrapassando calmamente outros atletas... O Sérgio e o Luís Maurício seguiam logo atrás de mim...

Saímos da ponte e viramos à direita... Umas centenas de metros depois entramos novamente noutra ponte, a Ponte Romana, uma das mais longas pontes romanas da península ibérica... Com quase 1km de extensão era completamente em empedrado... Seguimos, com cuidado a ver onde colocávamos os pés...

Na primeira passagem pela Ponte Romana. Fotógrafa: Vitorina Mourato.

Quando saímos da ponte romana, íamos com 2km e pouco e com média abaixo dos 4'30... Para começar ía bem em termos de ritmo... O objectivo era fazer média abaixo dos 4'20 e começar um pouco mais lento era o que eu queria...

O meu problema começou a surgir nesta altura... Do joelho para baixo doía-me tudo! Gémeos e articulação do tornozelo... E a cada passo que dava a dor aumentava! "Mas o que é isto?" Fiz um aquecimento razoavelmente bom, nos últimos dias não tinha tido dores nenhumas e agora uns 10min depois de ter começado a correr dá-me isto?! Grande azar! Ou seriam ainda réplicas do Sicó?

Entrámos na 3ª ponte. Esta mais moderna... Neste momento somos alcançados pelo João Carlos, que vinha uns metros atrás... E assim se juntaram 4 ACP's...

Mas por pouco tempo fomos juntos... As minhas dores estavam cada vez mais intensas, ia a bater muito os pés e não conseguia fazer o movimento da passada em condições... Decidi abrandar um pouco... Avisei os meus colegas de equipa e fui-me deixando ficar para trás...

Ponderei desistir... Estava em baixo, estava triste... Queria correr e não me estavam a deixar...

Após uns minutos num ritmo um pouco mais lento, as dores abrandaram... Decidi voltar a acelerar...

Antes do abastecimento dos 5km volto a alcançar o Sérgio, o Maurício e o João Carlos... Ficaram surpreendidos por me voltar a ver ali... Pensavam que já me tinha finado... hehe

Apanho uma garrafa de água, bebo uns goles e digo-lhes que vou acelerar... Íamos num ritmo confortável, talvez demasiado confortável para mim... Se queria baixar da 1h 32m tinha que aumentar o ritmo e assim podia ser que me esquecesse das dores...

Apanhei uma descida e embalei um bocado... Cheguei ao ponto de viragem aos 6km e já sentia o coração a bater mais forte... Agora sim, estava no ponto certo, no limite, mas sem nunca o ultrapassar...

Umas centenas de metros à frente viramos à direita e entrámos no Circo Romano... Um descampado enorme, onde no tempo dos romanos andavam lá com as carroças às voltas a fazer corridas e sei lá mais o quê... Até se lembraram de colocar figurantes romanos, trajados a rigor, para nos fazer recuar no tempo...

Aqui o piso era terra e, diga-se de passagem, corria-se muito melhor que no alcatrão...

Saímos do circo e entramos novamente no alcatrão... Olho e vejo lá à frente um abastecimento... Toca de mandar abaixo o primeiro gel... Quando me aproximo é que vi que o abastecimento não era de água, mas sim de... esponjas! Ah! Desta é que não me lembrei... Bem me pareceu estranho um abastecimento tão próximo do anterior... Mas pronto, o gel já tinha marchado, apesar de ter ficado com um bocado de sede por causa daquele sabor tão doce... Aproveitei para me refrescar com as esponjas e ganhar novas forças...

Lá continuei pelas calles de Mérida, desejando chegar rapidamente ao  próximo abastecimento para matar a sede...

Ao aproximar-nos do 10º km, onde se encontrava o 2º abastecimento líquido, entramos um parque, onde percorremos um caminho de terra e passamos por baixo de uns arcos que faziam parte de uma espécie de aqueduto...

Passei aos 10km com 43'29'' com média de 4'21. Era este o ritmo que tinha que manter...

Nesta altura alcanço a Carla Dias e o João Farinha que iam a fazer a prova juntos... Dei-lhes força e ainda tentei que viessem comigo, mas não dava...

Segui viagem e nesta altura já me sentia melhor das pernas... Lá continuamos, passamos uma rotunda, outra e depois outra, demos a volta ao bilhar grande e estávamos de novo junto ao rio preparados para o atravessar pela 4ª vez, pela primeira ponte por onde passamos...

4ª passagem sobre o Guadiana. Fotógrafa: Vitorina Mourato.

Após a ponte surgiram algumas subidas que consegui ultrapassar num bom ritmo... E estávamos de novo a dirigir-nos para a ponte romana que iríamos atravessar pela 2ª vez, desta feita em sentido contrário ao que tínhamos feito no início...

No final da ponte o apoio do público era enorme... "Animo, animo!" gritavam os espanhóis...

2ª passagem pela Ponte Romana. Fotógrafa: Vitorina Mourato.

Passamos por umas ruelas mais estreitas e mais à frente, após o 17º km entrámos na última grande subida... Mais de 1km num sobe-que-não-sobe que ainda fez alguma mossa... Mas após um esforço lá foi ultrapassado mais este obstáculo...

Ao km 19 fizemos uma pequena incursão pelo Anfiteatro Romano, mais um dos momentos altos desta prova... Novamente com romanos e romanas vestidos a rigor! De seguida passamos em frente a um museu e siga!

Nesta altura já ia a todo o gás! Sabia que estava quase na meta, mas achava estranho já ir com 20km e ainda tinha que atravessar o rio e chegar à meta... Isto vai dar bem mais do que os 21,1km pensei eu...

Com 20km nas pernas... Fotógrafa: Vitorina Mourato.

Até que percebi! A meta não era no mesmo sítio da partida, era do lado de cá do rio... Assim já fazia mais sentido e as minhas contas já batiam certas...

Mais uma voltinha junto às pontes e muito público a apoiar... Entrámos numas calles estreitas e já cheirava a meta... Entro na recta da meta e vejo o relógio a passar para a 1h 31m... Já não dava para baixar da 1h 31m, mas a 1h 32 estava garantida... Atravessei calmamente a meta com 1h 31m 06s de tempo oficial que passa a constituir o meu novo recorde pessoa da Meia Maratona!

Mais uma Meia Maratona para o currículo!

Fui receber o saco de brindes, bem recheado por sinal... Duas t-shirts técnicas, uma placa alusiva à prova, uma bebida energética, fruta e mais duas revistas... No final, bebida isotónica e cerveja à descrição...

Aguardamos a chegada do resto da alcateia e fomos ao banho, do outro lado do rio! Atravessamos o rio pela 6ª vez, deste vez pela ponte romana, que agora ainda me pareceu mais longa...

Regressamos novamente à praça onde se encontrava instalada a meta e onde decorria a entrega de prémios... O ACP subiu ao pódio num 3º lugar colectivo e vitória na geral de Bruno Paixão!

De seguida fomos almoçar a um restaurante chamado Via qualquer coisa, mas disso não vale a pena falar muito... Só a cervejinha se aproveitou... Caro, empregados que não eram capazes de ser simpáticos e muito mal servidos que fomos... Completamente o oposto da ideia com que eu tinha ficado da cidade e da prova em si...

De seguida, regresso a Portalegre e um resto de tarde de molho...

Apesar das contrariedades iniciais, consegui atingir o meu objectivo que era baixar da 1h 32m e assim bater o meu melhor tempo à Meia Maratona.

Em relação à prova, não é das mais fáceis... Na 2ª metade tem algumas subidas compridas e manhosas... Quem for com força faz aquilo bem, mas quem já vier estourado, sofre ali a bom sofrer... Mas em compensação, há aquele apoio espectacular do público que está sempre presente ao longo de praticamente todo o percurso a gritar "Campéon! Campéon!" desde o primeiro até ao último atleta...

Não é todos os dias que se tem direito a dorsal personalizado...

Aqui ficam os meus tempos parciais registados no Garmin.

5km        -     22'25''
10km      -     43'29'' / 5km - 20'44''
15km      - 1h05'10'' / 5km - 21'39''
20km      - 1h26'45'' / 5km - 21'35''
20,96km - 1h30'49'' / 0,96km - 4'04''
Como já referi, terminei com um tempo oficial de 1h 31m 06s, classificando-me em 170º de 914 atletas classificados e em 46º de 223 no escalão de seniores masculinos.

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